As conjeturas aqui apresentadas, provêm de 23 anos de trabalho de um profissional, numa área que possui características próprias em vários aspectos, onde podemos dizer que é de uma situação diferenciada em relação às demais atividades profissionais.
No entanto, frize-se, isto não quer dizer que a atividade de Taxista seja pior ou melhor do que outra qualquer. Apenas há vários aspectos a serem observados, aspectos esses de ordens moral, técnico, profissional, dentre outros.
Não posso dizer que a atividade de Taxista seja diferente no Rio de Janeiro em relação ao resto do país, quiçá, do resto do mundo. Entendo que o que acontece aqui acontecerá em todo lugar onde tenha essa atividade. Mas é óbvio que cada cidade tem suas características próprias, tanto de profissi-
nais taxistas quanto de usuários de taxi.
Outro ponto a ser colocado é o da possibilidade de alguém já ter desenvol-
vido o trabalho que aqui segue, em outra oportunidade, fato este desconhe-
cido pelo autor desse texto.
Como disse, depois de 23 anos de atividade na profissão de taxista e sendo eu uma pessoa possuidora de algumas propriedades, digamos, extra-senso-
rias (sem exagero, é claro!), me proponho a colocar para os leitores uma grande parte do que observei durante todo esse tempo, o que arriscaria dizer que são estudos e análises criteriosas que considero de base quase
científica, pelo tanto que estudei o comportamento das pessoas nesse tem-
po.
Outro fato a ser colocado é o de não haver uma ordem específica na impor-
tância das observações e dos quesitos estudados naquele período. Portanto, as descrições seguem aí de forma aleatória, sem ordem cronológica ou outro modo qualquer.
O primeiro fato a relatar é o de que hoje em dia não existe o que chamaríamos de passageiro de taxi , como acontecia a 20 ou 30 anos atrás. Hoje, existem pessoas que 'pegam' taxi mas não podem ser classificadas como passageiro de taxi. Cabe aqui uma informação: o que quero dizer com passageiro de taxi'? É simples a explicação: o passageiro de taxi é aquela pessoa que, há alguns anos atrás, 'pegaria' taxi para ir de casa ao trabalho e vice-versa, várias vezes na semana, fato que hoje acontece muito raramente.
Por exemplo: por aqueles tempos, se um taxista passasse sempre pela mesma rua num mesmo horário, variando tres, quatro ou cinco minutos, lá estaria aquele mesmo passageiro que ele havia transportado no dia anterior. E assim, sucessivamente, entederam? Não havia a marcação de um compromisso de horário entre o passageiro e o taxista mas acontecia de o passageiro viajar com o mesmo taxista com muita frequência, e vice-versa, como já citamos.
Nos dias atuais existem pessoas que viajam de taxi mas que não podem ser classificadas como passageiro de taxi. Em minha análise existem quatro tipos de pessoas que 'pegam' taxi: a primeira e a ATRASADA. São pessoas que perderam a hora e vêm afoitas, quase fora de si para embar-
car num taxi. Não obedecem a nenhum critério para o embarque no veículo. Em geral são aquelas que fazem sinal repentino para parar o taxi e o fazem em locais nem sempre apropriados para a parada do veículo (mas isso falarei mais adiante). Quando entram no veículo já observam ao taxis-
ta que estão atrasadas e dizem ao mesmo que deve 'correr'. Em geral
adentram ao veículo com mais de trinta minutos de atraso em seus horários e cometem a desfaçatez de dizerem que tinham que estar lá no local para onde vão, às tantas horas (hora essa já excessivamente fora do normal). São os piores passageiros. Muito inconvenientes e desrespeitosos com o profissional-taxista. Acham que é obrigação deste, chegar ao desti-
no em menor tempo possível, exigindo do mesmo que este faça o que chamamos de barbeiragens, com o fim de atender às suas exigências Posso dizer que esse tipo de passageiro é o que de pior existe e o que mais causa desgaste ao profissional.
O segundo tipo de pessoa que 'pega' taxi nos dias de hoje é o DOENTE. Cabe aqui informar que classifico como doente, todo o tipo de pessoa que apresenta dificuldades de locomoção por si própria: os idosos ; aqueles que estão temporariamente prejudicados de se locomoverem; os paraplégicos.
Já o terceiro tipo de pessoa que usa taxi é aquela que ESTÁ COM DINHEIRO: ou seja, aquela que porta algum tipo de valor: seja dinheiro, jóia, laptop (hoje muito frequente). Se sacou dinheiro no banco naquela oportunidade ou recebeu o salário do mes em espécie, pimba! mergulha no primeiro taxi que passar.
E o quarto tipo de pessoa que pega taxi nos dias de hoje é o do CARRO QUEBRADO:
Ou deixou o seu carro na oficina para consêrto (e aí pega o taxi para ir para o trabalho ou voltar para casa), ou pega o taxi para ir pegar o seu veículo na oficina. Esse tipo de pessoa também costuma causar certo tipo de inconveniência ao taxista. A primeira coisa que diz é que tem carro.
Como se nos dissesse que não somos nem um pouco importantes para eles.
Os passageiros de taxi , hoje, contam-se nos dedos, como se diz no popular.
Diante disso, observei outros comportamentos inoportunos nas pessoas que fazem uso de taxi, digamos, numa grande cidade. O comportamento mais inadequado dessas pessoas é o de adentrar ao veículo e não dizer com exatidão o seu destino. Qual seja: rua, numero e bairro. Quase todos só dizem para que bairro vão. Caso o taxista não pergunte pelos outros ítens, ficará sujeito, lá quase ao final da corrida, receber a famosa frase: "vou ficar aqui". E este 'aqui' é repentino, quase sempre assustando o taxista e o fazendo (caso não tenha preparo para tal) parar o veículo de forma abrupta, com grande possibilidade de causar um acidente com o veículo que lhe segue e que, em geral, não espera uma parada repentina daquele que está à sua frente.
Outro comportamento inadequado das pessoas que 'pegam' taxi, hoje, é o de proferir quase sempre a mesma pergunta que todos fazem ao informar o seu destino: "sabe aonde é"?. E caso o profissional retarde um pouco a resposta (e isso é o que sempre faço), a pessoa tem a coragem de dizer: "eu vou lhe ensinar". Isto eu classifico como o fim da picada. Cheguei à conclusão que todo mundo acha que é fácil ser taxista. Prejulgam que o taxista nunca sabe onde se localiza a rua do destino do passageiro. E que todo mundo sabe mais que os profissionais da área (e disto falarei mais adiante, também). Isto sem contar que a maioria quase sempre coloca o taxista sob suspeição ou desconfiança, tanto no aspecto profissional quanto no moral.
Quase sempre os passageiros não sabem escolher um local apropriado para sinalizarem para o taxi parar. É frequente se situarem sobre a faixa da travessia de pedestres ou na tangência da curva nas esquinas. Quando não, se situam atrás dos veículos que estão estacionados na lateral da rua. Nesse caso dificultam a nossa visão, nos obrigando a passar direto sem vê-los. E aí fazem gestos de irritação e até de ofensas.
Um ato totalmente nocivo aos taxista é o do passageiro embarcar no taxi, informando seu destino (a Rio Branco, por exemplo) e quando chega lá diz ao taxista que vai ter que sacar dinheiro no caixa automático para pagar a corrida. Em alguns casos exigem que o taxista suba à calçada para aguarda-lo. Então quero aqui informar a todos que leem esse artigo que é terminantemente proibido, tanto ao taxista quanto a qualquer pessoa, parar veículo em porta de banco para fazer saque de dinheiro em caixa eletrônico.
Existem passageiros que se acham o dono do veículo. Fazem exigências às vezes descabidas. Sentados no banco ao lado do motorista, querem cruzar os pés como se tivessem em suas casas. Não se preocupam se vão arranhar o painel do veículo e causar prejuízo ao taxista. O mesmo se aplica aos de trás: encostam os pés nas laterais do veículo e nem se preocupam com o mesmo aspecto do passageiro da frente. Muitos mexem nos controles do ar condicionado, dirigindo só para si a ventilação do painel. Alteram a posição do banco, colocando emposição muito inclinada, como se fossem dormir durante a viagem que geralmente é curta. E fazem isso sem nem pedirem autorização ao motorista. Isso sem contar, também, aqueles que querem fumar e ordenam ao taxista desligar o ar condicionado e abrir a janela para realizarem suas vontades.
Uma outra atitude muito incômoda do passageiro é quando fazem a corrida e, ao final, apresentam uma nota de 50 reais, por exemplo, para pagamento. Em geral são corridas pequenas, menores que 10 reais o que dificulta à maioria o trôco. E aí dizem que somos obrigados a possuirmos o trôco (isso é verdadeiro, de certa forma). No entanto ficaria muito mais fácil para ambos se o passageiro indagasse ao motorista se ele tem facilidade do troco para essa corrida, não é? Não se perderia tempo e nem haveria aborrecimentos de ambas as partes. Fácil, isto, não é?
Já com relação aos taxistas, depois de tanto tempo de profissão, cheguei a conclusão que esta profissão/atividade é, no mínimo, interessante. Uma grande parte dos profissionais da área não possui a mínima condição profissional de desempenha-la conforme os padrões necessários. Geralmen
te não conhecem do serviço. Tanto no aspecto do regulamento que o rege, bem como das propriedades que assim o requerem. Não há nenhum curso ou coisa parecida que possa formar o profissional dessa área e, neste caso, não têm interesse em se aplicar na atividade e isto é uma da cons-
tantes reclamações dos usuários, quase sempre afirmando que a maioria dos taxistas não conhece os logradouros e os percursos a serem percorridos, daí havendo a interferência do passageiro na indicação do itinerário a seguir.
Com relação ao desempemho de uma grande parte dos taxistas, é comum ver-se manobras inconsequentes e irresponsáveis dos mesmos no trânsito da cidade. Param os veículos em locais impróprios e inadequados (e o usuário tem uma participação muito forte nessa situação). Desrespeitam os demais colegas, cortando-os e ultrapassando-os de forma quase sempre
agressiva e abusiva. Invadem os domínios do colega sem a mínima cerimô-
nia.
Um outro ponto muito complexo dessa atividade é com relação aos pontos de taxis na cidade. É do regulamento que qualquer taxista pode parar e correr fila em qualquer ponto. No entanto o que se vê é totalmente diferente. Hoje em dia, o taxista é o dono do ponto onde para/trabalha. E caso algum outro taxista que não seja daquele ponto pretender parar alí, vai arrumar confusão, correndo o risco de ser agredido e ter seu veículo danificado pelos colegas daquele ponto.
Cabe aqui uma observação muito importante: apesar da maioria dos usuários pensarem/acharem que a atividade de taxista é fácil, vai aí um grande equívoco. Esta atividade tem as suas complexidades e particulari-dades, também. E chego a afirmar o seguinte: para uma pessoa se achar/considerar um taxista, vai ter que possuir além de muita aplicação na atividade, e ter, no mínimo uns cinco anos no desempenho dessa profissão para alcançar o nível e poder se declarar um TAXISTA.
Por fim, salvo esses pequenos detalhes, a atividade de taxista é muito boa em relação a tantas outras atividades. Só em trabalhar por conta própria (exceto os auxiliares), já é um fato altamente positivo para quem o faz. E a remuneração é muito positiva, em relação à uma boa parte das pessoas que são transportadas. Dos males, o menor!!!!...
NÊSTE ESPAÇO, ABORDAMOS TODO TIPO DE ASSUNTO. É OBVIO QUE ALGUNS NÃO SERÃO ACEITOS POR CERTAS PESSOAS. ENTÃO, PEDE-SE QUE COLOQUEM SUAS OPINIÕES E DISCORDÂNCIAS NOS COMENTÁRIOS DO BLOG.
sábado, 14 de novembro de 2009
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Um comentário:
Isso mesmo! Concordo com grande parte das afirmações mas, no entanto, ressalto que existe, sim, o passageiro de táxi. Ele sabe onde pegar o carro, dá bom dia, por favor e obrigado. Sempre que não tem dinheiro trocado, avisa ao motorista e coloca-se à disposição para comprar algo em um posto de gasolina para facilitar. Peço a compreensão dos taxistas em relação aos faróis: devem ser ligados à noite. Lanterna não! Sugiro começarmos um movimento forte para coibir estas infrações. Acrescento ainda que carros velhos, especialmente Santanas com a suspensão judiada deveriam ser exterminados por uma praga qualquer! O passageiro paga por um serviço; logo, a prestação do mesmo deve ser a melhor possível. Abraços e divulgue este blog. Faça cartões de visita e os distribua para clientes e colegas da praça. Um dia você chega no Jô!
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